Coração valente

Nova técnica que ressuscita o órgão depois que ele parou de bater deve aumentar número de transplantes cardíacos em até 30%

O transplante cardíaco sempre foi considerado especialmente difícil porque as células do coração (ao contrário das do fígado e dos rins) não resistiam ao declínio exagerado da oxigenação, e o órgão era perdido em caso de morte circulatória. Mas, recentemente, um grupo de médicos do Hospital St. Vincent’s, na Austrália, conseguiu transplantar pela primeira vez um coração que tinha parado de bater há 20 minutos.

A técnica, pioneira, reativa os batimentos cardíacos e ressuscita o órgão para depois transplantá-lo. Até então, eram usados apenas corações “vivos”, doados por pacientes que tiveram morte cerebral, mas cujas pulsações se mantinham inalteradas. Os médicos acreditam que o aumento da disponibilidade de órgãos pode salvar até 30% mais vidas ao redor do mundo. “É uma grande conquista para reduzir a escassez de doadores de órgãos”, diz Peter McDonald, do Hospital St. Vincent’s.

Enquanto o procedimento padrão preserva o coração em um compartimento contendo gelo e tem prazo máximo de quatro horas, o novo método evita justamente que ele esfrie, através de um sistema que fornece oxigênio, nutrientes e um fluido especial que o mantém aquecido e oxigenado até a cirurgia. Uma vez acolhido pelo dispositivo portátil, apelidado de “Heart in a Box” (“coração em uma caixa”, em tradução livre), o coração começa a bater novamente e pode ser transportado por distâncias maiores.
O primeiro paciente a passar por esse tipo de transplante foi uma mulher de 57 anos, operada no primeiro semestre do ano passado. Semanas depois, no mesmo hospital, foi realizada a segunda cirurgia, também em um paciente que sofria de insuficiência cardíaca. A equipe esperou que ambos se recuperassem para divulgar os resultados.

Via Revista Galileu


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