As personalidades e as profissões

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Sou fascinada por toda forma de conhecimento e autoconhecimento. Gosto de entender ou pelo menos tentar entender como funciona a cabeça das pessoas; como elas fazem suas escolhas e por que elas priorizam algumas coisas em detrimento de outras.

Uns preferem pegar as economias e gastá-las em uma viagem, fazendo turismo cultural. Outros gastam quase tudo que possuem com roupas , sapatos e cuidados com a beleza. Existem aqueles que economizam bastante para uma emergência, como por exemplo, um problema grave de saúde na família. Alguns valorizam mais as experiências. Outros optam por uma vida material mais tranquila.

Algumas pessoas aprendem melhor por meio de métodos tradicionais de ensino. Outros se desenvolvem melhor por meio de estratégias lúdicas e criativas. Alguns gostam de planejar tudo com antecedência pois se incomodam com surpresas. Outros adoram deixar tudo rolar solto.

Algumas pessoas curtem trabalhar em grupo, ter papos animados em ambientes agitados. Outros preferem o sossego do lar, uma boa leitura ou uma conversa a dois mais intimista.

Enfim, as pessoas apresentam necessidades psicológicas bem distintas e muitas vezes acontecem conflitos porque não conseguimos entender ou aceitar o jeito de ser do outro. Uma ótima ferramenta de conhecimento do outro e de si mesmo é um teste psicológico muito utilizado por empresas na hora de contratar novos colaboradores: o MTBI.
Este teste foi criado por  duas autoras inglesas, que se basearam nos conhecimentos de Carl Jung.

O teste analisa a personalidade sob 4 pilares diferentes: Extroversão/Introversão; Intuição/Sensorialidade; Sentimento/Pensamento e Julgamento/ Percepção.

Cerca de 75% da população é extrovertida. Cerca de 75% da população é Sensorial. Cerca de 50% da população é sentimental e 50% racional. Cerca de 50% da população é mais controladora e 50% mais perceptiva.

As combinações dos 4 pilares geram 16 grupos de personalidade subdivididos em 4 grupos. Os artesãos, os guardiões, os idealistas e os racionais.

Para ser artesão é preciso ser sensorial e perceptivo ao mesmo tempo.
Para ser guardião é preciso ser sensorial e julgador ao mesmo tempo.
Para ser idealista é preciso ser intuitivo e sentimental ao mesmo tempo.
Para ser racional é preciso ser intuitivo e racional ao mesmo tempo.

Mas o que significa cada um dos 4 pilares? Quais são as características marcantes de cada um dos quatro grupos?
Extroversão/Introversão: como canalizamos a nossa energia. Recarregamos as nossas baterias no contato com as outras pessoas ou preferimos ficar sozinhos? Vale lembrar que introversão não é o mesmo que timidez. Um introvertido não precisa necessariamente ser alguém tímido. Ser extrovertido, por exemplo, não significa dizer que a pessoa em questão não tenha elementos introvertidos. E vice-versa. Extrovertidos costumam ser mais sociáveis e normalmente agem antes de pensar.

Intuição/Sensorialidade: como aprendemos. Pessoas intuitivas não gostam de métodos tradicionais de ensino. São pessoas mais criativas que não seguem receitas culinárias à risca nem leem manuais de instrução. Gostam de aprender pelo método de tentativa e erro e descobrem caminhos inusitados para aprender uma nova língua ou tocar um instrumento musical. Lidam bem com informações incompletas e gostam de fazer associação entre ideais. São mais teóricos. As sensoriais já apreciam métodos consolidados e tradicionais de aprendizagem e seguem os exemplos que funcionam, trilhando o caminho trilhado por outros. São pessoas mais práticas e valorizam detalhes, informações concretas e completas.

Sentimento/Pensamento: como tomamos as nossas decisões. Pessoas mais sentimentais fazem escolhas pautadas pelo sentimento, por aquilo que os outros lhe despertam. As mais ligadas ao pensamento fazem escolhas pautadas na lógica. Quem prioriza o sentimento tende a preferir a compaixão à justiça. Já aquele que prioriza o pensamento, tende a preferir à justiça à compaixão.

Julgador/Perceptivo: como organizamos a nossa rotina. Os julgadores gostam de ter o controle da situação. Amam planejar e podem se sentir bem desconfortáveis com imprevistos. Os perceptivos deixam rolar. Eles não se prendem muito a planejamentos e lidam melhor com imprevistos. Os julgadores controlam o mundo. Os perceptivos se adaptam a ele.

Vamos aos grupos?

Artesãos: Para ser um artesão é preciso ser um sensorial/perceptivo. Enfim, preferem métodos tradicionais de aprendizado e lidam bem com imprevistos. Artesãos apresentam comunicação concreta e ação individualista. São considerados os mais aventureiros.

Guardiões: Para ser um guardião é preciso ser um sensorial/julgador. Em resumo: também preferem métodos tradicionais de aprendizagem como os artesãos, porém, gostam de planejar e ter o controle da situação. Guardiões apresentam comunicação concreta e ação cooperativa. São considerados os mais  responsáveis.  A maioria da população faz parte deste grupo.

Idealistas: Esta categoria reúne pessoas intuitivas e sentimentais ao mesmo tempo. Idealistas gostam de aprender por meio da criatividade e tomam decisões a partir dos seus sentimentos. Idealistas apresentam comunicação abstrata e ação cooperativa. São considerados os mais otimistas e sonhadores.

Racionais: Esta categoria reúne pessoas intuitivas e racionais simultaneamente. Racionais também priorizam a intuição como os idealistas, mas fazem escolhas por meio do pensamento lógico. Racionais apresentam comunicação abstrata e ação individualista. São considerados os mais  lógicos e pensadores.  É o grupo mais escasso na sociedade, seguido logo atrás pelos idealistas. Juntamente com os idealistas, fazem o mundo evoluir. Porém, os idealistas se centram mais em ter novas ideias. Os racionais se focam em realizar.

Os Artesãos querem viver o mundo. Os guardiões querem preservá-lo.  Os idealistas sonham em melhorá-lo. Os racionais , construí-lo.

Fazer o teste do MTBI é um bom caminho para se conhecer melhor e entender as pessoas ao redor. O autoconhecimento nos auxilia em todos os campos da vida e na hora de escolher uma profissão é fundamental entender os nossos pontos fortes e fracos; aquilo que é essencial para o nosso bem estar e tranquilidade. Se não suporto trabalhar em grupo, por exemplo, devo evitar profissões que exijam muitas interações e tomadas de decisão em conjunto. Se detesto imprevistos e uma rotina caótica , sem horário definido para almoçar e terminar o expediente , devo evitar profissões que exijam um horário muito flexível e uma rotina muito agitada. Se abomino rotina e fazer tudo do mesmo jeito todos os dias , devo evitar profissões muito certinhas. Às vezes, uma pessoa é altamente criativa , mas nem por isso se sentiria feliz como publicitária ou roteirista de TV por exemplo. Por quê?

Muitas pessoas extremamente criativas odeiam trabalhar em grupo. Talvez , o mais recomendável para alguém assim seja produzir livros, escrever em blogs ou realizar qualquer outra atividade criativa que não necessite do constante trabalho em grupo.

Antes de escolher uma profissão, faça algumas perguntas a você mesmo:

1. Quais disciplinas da escola gosto mais e tenho mais facilidade?
2. Sou alguém sociável?
3. Curto trabalhar em grupo ou prefiro fazer tudo sozinho/sozinha?
4. Tenho uma mente mais intelectual ou sou uma pessoa mais prática?
5. Prefiro aulas tradicionais ou aprecio aulas dinâmicas e diferentes? Aprendo mais com a exposição do professor e o Power Point ou com exercícios práticos?
6. Tenho disposição para ler muito e absorver muita teoria?
7. Gosto de rotina ou prefiro um trabalho com horários mais flexíveis?
8. Priorizo fazer o que gosto ganhando pouco ou fazer o que não gosto tanto , mas ganhando bem e tendo status social?
9. Para mim é importante que o meu trabalho tenha um cunho social?
10. Para mim é importante fazer um trabalho criativo?
11. Gosto mais de trabalhar com autonomia ou levo numa boa seguir ordens à risca?
12. Prefiro conviver com pessoas mais descontraídas ou considero melhor trabalhar em um local mais formal e com regras mais rígidas?

Normalmente , sempre haverá algum “defeito” na profissão escolhida: os famosos ossos do ofício. Mas é importante entender que os pontos positivos devem ganhar dos negativos, caso contrário, virará uma tortura exercer a profissão escolhida.


Sílvia Marques

Viciada em café, chocolate, vinho barato, filmes bizarros e pessoas profundas. Escritora compulsiva, atriz por vício, professora com alma de estudante. O mundo é o meu palco e minha sala de aula , meu laboratório maluco. Degusto novos conhecimentos e degluto vinhos que me deixam insuportavelmente lúcida. Apaixonada por artes em geral, filosofia , psicanálise e tudo que faz a pele da alma se rasgar. Doutora em Comunicação e Semiótica e autora de 7 livros. Entre eles estão "Como fazer uma tese?" ( Editora Avercamp) , "O cinema da paixão: Cultura espanhola nas telas" e "Sociologia da Educação" ( Editora LTC) indicado ao prêmio Jabuti 2013. Sou alguém que realmente odeia móveis fixos.

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