Lady Gaga, Madonna e o Hugh Jackman são só alguns dos nomes consagrados entre as celebridades que fazem (ou faziam) consumo regular da própria urina com intenções terapêuticas.
A comoção pela internet que isso causou dividiu opiniões tanto quanto a declaração de Bela Gil, filha do famoso cantor Gilberto Gil, de que ingeriu a placenta de seu segundo filho, Nino, com vitamina de banana após dar à luz; despertando incredulidade e nojo em muitas pessoas. Isso porque tudo o que envolve qualquer tipo de resíduos considerados não muito convencionais, ainda é um tabu.
No caso da urina, poucas pessoas sabem que o líquido de cheiro amoníaco e ácido, pode ser usado como fonte de energia elétrica, com bactérias suficientes para alimentar a bateria de um celular. Existem medicamentos derivados da urina que ajudam a tratar infertilidade, combater sintomas da menopausa, e até com células-tronco que já foram reprogramadas em neurônios.
Os romanos antigos são uma das civilizações conhecidas por terem feito extenso uso da urina, inclusive para clarear os próprios dentes, um método cientificamente eficiente e comprovado – apesar de parecer, no mínimo, nojento.
Uma tendência do passado
Na verdade, existe um debate controverso se os romanos realmente faziam isso ou não. É provável que a ideia tenha se infiltrado no imaginário popular exatamente porque a urina era um bem muito valioso nos tempos antigos, e também porque os romanos souberam fazer um bom uso dela – mas isso não significa que para escovar os dentes.
A urina contém várias propriedades minerais e produtos químicos, como fósforo e potássio, além de ser rica em ureia, um composto orgânico à base de nitrogênio, que os gregos, inclusive, usavam como esfoliante facial na tentativa de combater a acne naquele mesmo tempo.
Quando a ureia é armazenada por longo tempo, ela se decompõe para produzir amônia, presente em muitos produtos de limpeza atualmente, eficaz em remover vários tipos de sujeira devido ao seu nível de acidez. Os romanos antigos encorajavam a todos a fazerem xixi em vasos pelas ruas, que depois eram levados para as famosas fullonicas, uma espécie de lavandeira, onde a urina era diluída com água e usada para lavar roupas sujas.
A urina foi tão requisitada, que o imperador Nero passou a cobrar um imposto dos compradores de urina que faziam a coleta dela dos mictórios públicos. Quando o poder imperial foi tomado por Tito Flávio Vespasiano, em 69 d.C., governando Roma pelos próximos 10 anos, ele restituiu a cobrança de impostos sobre o xixi, só que para arrecadar fundos para restaurar as finanças do tesouro.
A ideia de que os romanos usavam urina para clarear os dentes em forma de enxaguante bucal, surgiu a partir do poema Carmina, de Catulo, que viveu durante o final do período republicano, entre 87 a.C ou 84 a.C., em que ele revela que não gostava de Egnatius, um homem “que tinha os dentes brancos como a neve e sorria o tempo todo”, e que, como todo homem, ele lavava os dentes religiosamente toda vez que urinava.
A possibilidade foi reforçada ainda pela disseminação do quanto os romanos antigos valorizavam os benefícios da urina, principalmente para alvejar roupas. No entanto, se realmente usavam para clarear os dentes, é incerto.
Via Megacurioso