Como foi possível: Depois de receber transplante de medula óssea, o sêmen do paciente contém DNA apenas do doador

Um receptor de medula óssea dos Estados Unidos apresentou DNA no sêmen 100% do doador. Chris Long, que trabalha na delegacia do xerife da cidade de Reno, Nevada, recebeu o transplante de um desconhecido da Alemanha em 2015.

Chris fez vários testes de DNA antes e depois do transplante por recomendação de uma colega da delegacia, Renee Romero, que o alertou que parte de seu DNA poderia mudar depois do transplante. Renne é chefe do laboratório forense da cidade. Assim, Chris teve várias amostras de DNA coletadas antes e depois do procedimento, no próprio laboratório forense da cidade.

Chris aceitou o convite para se distrair das preocupações relacionadas à doença e ao transplante. “Eu nem sabia se eu ia viver”, relembra ele em entrevista ao New York Times.

O transplante foi necessário porque Chris tinha leucemia mieloide aguda  (LMA), um tipo de câncer de sangue que impede o corpo de produzir de forma normal glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas.

Depois do procedimento, as células formadoras de sangue do doador substituíram as células doentes de Chris, o que permitiu que o corpo voltasse a produzir todas as partes do sangue de forma normal. Por isso, não é de se estranhar que parte do sangue dele contenha DNA do doador.

Algumas amostras apontaram a presença de dois DNAs diferentes: células dos lábios, bochecha e língua. Amostras de pelo do peito e de cabelo, por outro lado, indicaram apenas DNA de Chris.

A grande surpresa do acompanhamento foi que o sêmen de Chris apresentou DNA 100% do doador. Mehrdad Abedi, médico responsável pelo transplante, acredita que isso tenha acontecido porque Chris fez uma vasectomia anos antes do transplante. Nos outros receptores de medula que não fizeram vasectomia, o DNA do sêmen costuma ser uma mistura do doador e do receptor.

O caso especial de Chris levantou questões importantes que devem ser levadas em consideração em investigações que levam em conta o DNA dos suspeitos de crimes. Se alguém na situação de Chris cometesse um crime sexual e investigadores coletassem amostras de sêmen, o doador da medula poderia ser incriminado?

Esta é uma possibilidade assustadora que muitos cientistas devem investigar e discutir. Esta descoberta só aconteceu porque Chris tinha acesso fácil ao laboratório forense da delegacia e sua colega quis aproveitar a oportunidade para ver como o corpo humano se comportaria depois do transplante.

Como exatamente o DNA do doador se manifesta do receptor da medula – além do sangue – raramente é estudado com aplicações criminais em mente. Os resultados desta observação foram apresentados em uma conferência de ciência forense internacional que aconteceu em setembro de 2019.

Uma segunda pergunta que surgiu do caso de Chris foi: se um homem  transplantado quisesse ter um bebê, o DNA do filho seria dele mesmo ou do doador? Três especialistas em transplante de medula que foram consultados pelo jornal americano garantem que passar os genes do doador para o filho seria impossível.

Outro caso interessante envolvendo uma pessoa com dois DNAs foi o de uma vítima de acidente de trânsito que aconteceu em 2008. Em uma tentativa de identificar a vítima, foi feita uma análise de seu DNA. Enquanto o DNA apontava que se tratava de uma mulher, o corpo era de um homem. No final das contas, a vítima havia recebido um transplante de medula da própria filha. [New York TimesFuturism]

Via Hypescience 


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